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Galeano fala sobre Os filhos dos dias, um livro em que de cada dia nasce uma história

10/05/2013

- Por L&PM Editores

Eduardo Galeano lança Os filhos dos dias – livro que parece condensar a história da humanidade. 

Inspirado na sabedoria dos maias, Eduardo Galeano escreveu um livro que se situa como uma espécie de calendário histórico, onde de cada dia nasce uma nova história. Provocante, intenso e sensível como toda obra do escritor, Os filhos dos dias apresenta 366 relatos que compõem a História, um para cada dia do ano, desde a Antiguidade até o presente. São episódios que ocorreram no México de 1585, no Brasil de 1808, na Alemanha de 1933 e em outras épocas e países. Os personagens, ilustres e anônimos, têm a mesma importância e espaço nessa colcha de retalhos que Galeano costura com poesia, emoção e concisão.

L&PM - Como surgiu a ideia de escrever Os filhos dos dias?

Eduardo Galeano - Eu escutei em uma comunidade maia da Guatemala essa frase que ficou martelando na cabeça: “somos os filhos dos dias”. Transformou-se em livro, ao longo dos anos: um livro que tem forma de calendário, onde de cada dia nasce uma história. Os cientistas dizem que os humanos são feitos de átomos, mas a mim um passarinho contou que somos feitos de histórias.

L&PM - Como foi feita a pesquisa histórica? Foram muitos os livros lidos?

EG - O livro foi escrito e reescrito onze vezes, acredite ou não. Onze versões, então você pode imaginar: evitei citar as fontes porque elas haveriam ocupado mais espaço que o próprio livro.

L&PM - Quais as histórias contadas nesse livro que mais lhe comoveram?

EG - Difícil escolher. Talvez a que mais me comoveu tenha sido a história intitulada “O indignado”, que é uma história que me contaram na Espanha e cujo protagonista, que tinha dois anos de idade quando a história ocorreu, é o mais jovem de meus amigos.

L&PM - Os filhos dos dias preocupa-se em manter o laço com a América Latina e, como em seus livros anteriores, seguir dando voz aos povos esquecidos e oprimidos?

EG - Sim, mas  com o passar do tempo fui apagando fronteiras, e cada vez me sinto mais livre dos mapas do mundo e do tempo: conto tudo que eu penso que merece ser contado e disseminado ocorra onde quer que ocorra e quando quer que ocorra: na América Latina ou onde e quando seja.