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Mickey Rourke e Charles Bukowski: almas gêmeas

10/03/2009

- Por L&PM Editores

Incensado como protagonista de O Lutador, vencedor do Globo de Ouro de melhor ator e finalista no Oscar, Mickey Rourke voltou às manchetes depois de – segundo a mídia – um mergulho profundo na lama da miséria humana. Revelação de Hollywood nos anos 80, candidato a grande astro, renegou sua carreira para ser boxeador e afundar em drogas, álcool e más companhias. Ou seja, nada mais bukowskiano que a descida de Mickey Rourke aos infernos. Os leitores do velho safado identificariam facilmente em personagens como Rourke, uma alma gêmea de Charles Bukowski. Uma das provas disto foi a brilhante (e muito pouco comentada) atuação de Mickey Rourke, justamente no papel de... Bukowski. O filme é Barfly, com roteiro de Bukowski, experiência que mais tarde ele transformou na novela Hollywood.

Bukowski e Rourke nas gravações de Barfly

O livro conta a história do escritor Henry Chinaski – alter-ego de Bukowski – que ganha um bom dinheiro para escrever um roteiro para o cinema, assim como o próprio autor recebeu para criar o roteiro do filme Barfly (1987), que no Brasil recebeu o subtítulo de Condenados pelo vício.

Dirigido por Barbet Schroeder e protagonizado por Mickey Rourke e Faye Dunaway, o título do filme já diz tudo: Barfly significa literalmente mosca de bar, aquela pessoa que entra no bar às dez da manhã e só sai às duas da madrugada. A maior parte da história se passa num boteco decadente onde os mesmos freqüentadores sentam-se em seus mesmos lugares todos os dias.

O protagonista é Henry Chinaski, um escritor alcoólatra que inicia um romance conflituoso com Wanda Wilcox, outra freqüentadora assídua do local. No papel de Chinasky, Mickey Rourke brilha em uma de suas melhores interpretações, pela qual foi indicado à Palma de Ouro. O próprio Bukowski faz uma ponta no filme como um dos clientes do bar onde Chinaski conhece Wanda, interpretada por Faye Dunaway.

Bukowski despontou como grande sucesso de público, curiosamente, na Itália nos anos 70. A grande repercussão de seus livros fizeram com que fosse publicado com sucesso na França e só então foi publicado nos EUA, pela legendária City Lights de Lawrence Ferlinghetti e depois pela Black Sparrow. No Brasil a L&PM foi pioneira na publicação de Bukowski com Crônica de um amor louco e Fabulário geral do delírio cotidiano no final dos anos 1970. Um pouco depois a editora Brasiliense publicaria Cartas na rua, Mulheres, Factótum e Misto-quente, os dois últimos reeditados na coleção L&PM POCKET já neste século.

Ainda no cinema, Charles Bukowski também foi para as telas pelas mãos do grande cineasta italiano Marco Ferreri (1928-1997), que consagrou-se com o filme La Grande Bouffe onde reuniu nada menos que Marcello Mastroiani, Ugo Tognazzi, Michel Piccoli e Philipe Noiret. O filme, de 1981, levou o nome de um dos seus mais famosos livros Tales of ordinary madness que no Brasil foi chamado de Crônica de um amor louco. Estrelaram Ben Gazzara e Ornella Muti. O filme na realidade baseia-se no conto A mulher mais linda da cidade e, ao mesmo tempo utiliza elementos de outras histórias de Bukowski.

Veja um trecho do filme:

 

No vídeo abaixo, confira um trecho da lendária entrevista que Bukowski concedeu ao jornalista literário francês Bernard Pivot em seu programa Bouillon de Culture (Panelão de Cultura, em francês

Livros de Charles Bukowski publicados pela L&PM Editores:

O amor é um cão dos diabos
O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio

Crônica de um amor louco
Delírios cotidianos

Fabulário geral do delírio cotidiano
Factótum
Hollywood
A mulher mais linda da cidade
Misto-quente
Notas de um velho safado
Numa fria
Pulp
Ao sul de lugar nenhum