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Texto da escritora Martha Medeiros é atribuído erroneamente a Pablo Neruda no parlamento italiano

06/02/2008

- Por L&PM Editores

Clemente Mastella, ex-ministro italiano da Justiça, citou um trecho de uma crônica de Martha Medeiros em discurso no parlamento do país. O problema diplomático-literário ocorreu porque Mastella atribuiu o trecho ao poeta chileno Pablo Neruda. O discurso ganhou notoriedade na imprensa, pois foi nele que Mastella, líder de um pequeno partido democrata cristão, o UDEUR, comunicou sua renúncia ao cargo de ministro da Justiça. Esse ato precipitou o fim do apoio do seu partido ao governo de Romano Prodi, provocando uma crise que teve como conseqüência a renúncia do ex-primeiro-ministro italiano.

A cronista se manifestou em coluna no jornal Zero Hora do dia 30 de janeiro e classificou a situação como “hilária”. Confira:

No dia seguinte [ao discurso], quem diria: os principais jornais da Itália estampavam uma foto minha, creditando a mim a verdadeira autoria do texto que abalou o governo. Meus 15 minutos de fama internacional.

Achei a maior graça, vou fazer o quê, chorar? Jamais um texto meu seria lido tão longe e por um motivo tão sério se não achassem que o autor era um Nobel de Literatura. Francamente, quem é que sabe que eu existo na Itália? Bom, agora sabem.

Indiretamente, saí ganhando com esse equívoco, mas vamos pensar juntos: por que o senador não leu um texto com autoria comprovada? Simples: porque foi mais um que se deixou levar pelas "facilitações" da internet. Porque é provável que ele nunca tenha lido Neruda na vida, ou saberia reconhecer o estilo do chileno. Porque ele foi apressado e confiou demais no mundo virtual quando deveria seguir confiando em livros.”

Leia em PDF a crônica “A morte devagar”, motivo de polêmica internacional, publicada em novembro de 2000 no jornal Zero Hora e que pode ser lida no volume de crônicas Non-stop (Coleção L&PM Pocket, 2007):