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O professor Luís Augusto Fischer recomenda: reler Salinger!

22/01/2008

- Por L&PM Editores

Reler Salinger

Entre os autores que sempre releio figuram poucos; de alguns eu penso que nunca serei suficientemente hábil para reter tudo o que oferecem; melhor seria talvez dizer que os autores que releio sempre me dão essa gostosa mas intimidadora sensação de que não basta uma leitura, talvez nem baste uma vida de leituras, para fruir plenamente o que oferecem. Minha lista é curta: Machado de Assis, Jorge Luis Borges, Franz Kafka, Guimarães Rosa e J. D. Salinger (um forte concorrente atual é Paul Auster).

Agora mesmo tenho na mão o exemplar de bolso de Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira, que vem no mesmo volume com Seymour, uma apresentação (L&PM, tradução de Jório Dauster), de Salinger. Acabo de repassar algumas páginas de uma novela e da outra, com a mesma vontade de não parar de ler para vibrar, entender e querer mais, naquela suspensão temporária da vida que a leitura proporciona.

Nesse volume, Salinger bota em ação sua melhor combinação de relato narrativo, cujo centro é a vida de Seymour mesmo, um gênio suicida, com reflexão sobre o sentido da escrita, da literatura, incluindo um mergulho na difícil argüição sobre o papel do leitor, e ainda com uma filosofia zen, focada exatamente sobre os sentidos de ler e de escrever. Parece que estou exagerando mas não; quem quiser conferir, aceite o desafio.

Não custa advertir que Salinger nunca conta uma história, pura e simplesmente; seu procedimento sempre oscila entre dois ou três planos, com um empenho descritivo notável, combinado com uma delicada atenção para a pureza infantil, aquela que sempre já foi perdida mas que sua literatura de algum modo recupera, bem ali, bem aqui, na interação com o leitor.

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P.S.: Está saindo o segundo número da revista NORTE, editada pelo Tito Montenegro. O lançamento será na quinta, 24 de janeiro, a partir das 18h30min, na Livraria Zouk (Rua Garibaldi, 1333 – Bom Fim), com abertura da exposição da fotógrafa Denise Adams, que tem um ensaio publicado na edição, que traz também a versão politicamente correta de Chapeuzinho Vermelho (de Mário Corso e Lister Parreira Duarte) e um conto inédito de Pedro Gonzaga.

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