Encerrada a Segunda Guerra Mundial, a sociedade norte-americana foi abalada por uma onda de obscurantismo que ficou conhecida como "caça às bruxas", numa alusão ao episódio da perseguição e eventual queima de feiticeiras nas fogueiras da Inquisição. "Ameaça vermelha" tornou-se a expressão mágica para fundamentar um estado de quase histeria coletiva, alimentado pelos meios de comunicação e que teve no senador Joseph (Joe) McCarthy o seu mais notório manipulador, a ponto de emprestar o nome ao neologismo criado para definir o fenômeno – "macartismo".
A histeria macartista, cuja origem, afirmação e propagação este livro procura relatar, atingiu especialmente a chamada indústria do entretenimento (cinema, rádio e televisão), mas alcançou, com seu potencial destrutivo, todos os setores da sociedade. Suicídios, tragédias familiares e desemprego foram alguns dos efeitos visíveis da caça às bruxas, que envenenou o dia-a-dia dos norte-americanos, semeou suspeitas, fabricou listas negras, encenou rituais de purificação e santificou a figura do delator.
Esse período de personagens trágicos, em que vilões e heróis às vezes se confundem no mesmo papel de vitimas, teve também seus beneficiários – gente que ganhou dinheiro e construiu reputação política às custas da desgraça alheia. Mais do que um Joe McCarthy, estiveram entre eles os caçadores de bruxas Richard Nixon e Ronald Reagan, que recorreram à retórica obscurantista no caminho para a Casa Branca, ou o poderoso Edgar Hoover, que reinou até a morte no temido Bureau Federal de Investigações (FBI).
Todos eles aparecem no elenco de Caça às Bruxas que acompanha a evolução do pesadelo a partir do nascimento da Guerra Fria, com suas devastadoras implicações domésticas. Dos artistas populares que se renderam por fraqueza aos acadêmicos sofisticados que até se deram ao requinte de oferecer fundamento intelectual à caça às bruxas, passando pelas vítimas de todos os matizes. Entre a submissão de uns e a coragem de outros, o conjunto de lições de uma geração.