UM MAQUIAVEL QUE NÃO É O SINÔNIMO DO “MAL”
Este livro, magnificamente bem escrito, mostra o lado oculto deste que é um dos mais célebres ícones da filosofia política em todos os tempos. Seu nome transformou-se em adjetivo e sua celebridade é alicerçada por uma frase que ele jamais escreveu: “Os fins justificam os meios...”.
Desde sua morte, em 1527, não paramos de lê-lo, apesar das calúnias e das censuras. E sempre para que ele nos arranque do torpor. Nisso – por que não? –, Maquiavel é implacável como o sol de verão. É o astro que inspira sua prosa contundente, que lança sobre tudo uma luz tão crua que torna as arestas mais vivas. Nietzsche o disse melhor do que ninguém, em Além do bem e do mal: “Ele nos faz respirar o ar seco e rarefeito de Florença e não consegue evitar a exposição das mais sérias questões ao ritmo de um indomável allegrissimo, não sem desfrutar, talvez, de um perverso prazer de artista ao ousar o seguinte contraste: um pensamento embasado, difícil, duro, perigoso, e um ritmo galopante, de um bom-humor endiabrado”.
Patrick Boucheron é professor no Collège de France, titular da cátedra de História dos poderes na Europa Ocidental nos séculos XIII-XVI. É autor de Léonard et Machiavel (Ed. Verdier), Conjurer la peur (Ed. Seuil), além de editor da Histoire mondiale de la France (Ed. Seuil).
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