Inspirado nas experiências do jovem Jack Kerouac (1922-1969) em um navio da marinha mercante, O mar é meu irmão – até hoje inédito – é a primeira narrativa longa do futuro autor do revolucionário On the Road. Escrito na primavera de 1943, quando Kerouac tinha apenas vinte anos (sete anos antes do surgimento de Cidade pequena, cidade grande, seu primeiro romance publicado), este texto de estreia conta a história de dois homens cujas vidas se cruzam durante uma viagem rumo à Groenlândia: Bill Everhart, um acadêmico entediado que anseia por um mundo além dos livros, e Wesley Martin, um marinheiro solitário e taciturno, apaixonado pelo mar. Em meio a brigas, bebedeiras, perigos e discussões filosóficas, na imensidão vazia do Atlântico Norte, estes dois personagens opostos – que encarnam o que se tornaria um dos temas recorrentes do autor: os conflitos diante dos amigos intelectuais e dos amigos proletários –, descobrirão uma amizade tão poderosa e profunda quanto o oceano que os cerca.
Diversos textos de juventude, fotos e desenhos do próprio Kerouac, além de cartas e poemas trocados com Sebastian Sampas (1922-1944), seu grande amigo de infância e adolescência, enriquecem a leitura de O mar é meu irmão & outros escritos, cuidadosamente editado por Dawn M. Ward. Uma obra fundamental para a compreensão da gênese e do desenvolvimento daquele que se tornaria um dos mais originais ícones da cultura norte-americana; o testemunho de um escritor ainda em formação, porém não menos vibrante e intenso.
O livro perdido de Kerouac
“Neste livro, O mar é meu irmão, hei de tecer toda a paixão e a glória de viver, sua inquietação e sua paz, sua febre e seu fastio, suas manhãs, tardes e noites de desejo, frustração, medo, triunfo e morte...”
Jack Kerouac
Muito antes de se entregar à Estrada e de se tornar um dos maiores nomes da geração beat, Jack Kerouac foi marinheiro. Em 1942, o jovem de então vinte anos trabalhou por oito dias a bordo de um navio da marinha mercante norte-americana. Durante seu breve serviço no SS Dorchester, ele manteve diários detalhados, os quais utilizou mais tarde como inspiração para seu primeiro romance, O mar é meu irmão. O manuscrito, entretanto, nunca saiu da gaveta, permanecendo inédito durante décadas.
Recentemente resgatado do esquecimento, O mar é meu irmão chega ao leitor brasileiro em uma edição minuciosa que inclui, além do primeiro romance de Kerouac, vários contos do início de sua carreira (que testemunham a evolução estilística de sua prosa), bem como uma seleção de cartas e poemas por ele trocados com o grande amigo de infância e juventude, Sebastian Sampas. A amizade de ambos, que floresceu num dos momentos cruciais de formação do escritor, não só serviu de base para as suas primeiras incursões filosóficas, como também inspirou a relação entre os dois protagonistas do livro.
Com um estilo diferente da prosa espontânea kerouaquiana que o mundo veio a conhecer, O mar é meu irmão é o retrato de um escritor em desenvolvimento, em busca da própria voz. Ao descrever a jornada de Bill Everhart e Wesley Martin, Kerouac demonstra que já consegue articular os temas que seriam centrais em sua obra: a amizade, o desejo de superar as limitações sociais e, é claro, a experiência da viagem como busca existencial.
Os Editores
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