“Discuti com o autor os pormenores da trama, e a li repetidas vezes; não me parece uma imprecisão ou uma hipérbole qualificá-la como perfeita.” Jorge Luis Borges
Publicado em 1940, invenção de Morel é considerado ao mesmo tempo o clássico inaugural e a grande obra-prima da literatura fantástica em língua espanhola. Cultuado por sua premissa admiravelmente original, a história do fugitivo da Justiça refugiado em uma ilha deserta que de repente se vê cercado por um misterioso grupo de veranistas já deu origem a diversas adaptações e recriações artísticas. Nesta versão em HQ, o quadrinista francês JP. Mourey desmembra esse delicado mecanismo literário para criar um dispositivo narrativo inteiramente novo, em que todos os detalhes – desde cores e padrões até fontes e contornos – são fundamentais para recriar uma trama que Jorge Luis Borges não hesitou em classificar como “perfeita".
Hoje, nesta ilha, aconteceu um milagre...
Um fugitivo da Justiça, condenado à prisão perpétua em seu país, chega sozinho a uma ilha inabitada. Além de algumas construções abandonadas e de um maquinário de complexo funcionamento, não há nenhum sinal de ocupação humana. Mas eis que um dia ele descobre que não está sozinho. Um misterioso grupo de veranistas aparece e se espalha pela ilha, pondo em risco seu anonimato. O fugitivo começa a seguir os passos, ouvir as conversas e monitorar o
cotidiano dos intrusos. Consegue notar padrões recorrentes em suas ações, um intricado ritual cuidadosamente reencenado semana após semana. Aos poucos, porém, as chaves para o mistério vão sendo fornecidas, mas apenas quando o fugitivo consegue se desprender de sua noção do que é possível e impossível ou real e irreal é que ele se torna capaz de decifrar o enigma em sua totalidade.
Com A invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares, até então um escritor desconhecido, jovem colaborador de Jorge Luis Borges, estabeleceu o clássico fundador da tradição da literatura fantástica em língua espanhola, ao mesmo tempo em que criava sua obra-prima indiscutível. Narrado com maestria, com uma premissa absurdamente original e um clima permanente de alucinação e mistério, seu primeiro romance é com frequência comparado aos melhores textos de Edgar Allan Poe e de outros grandes mestres do gênero. Desde que foi publicado pela primeira vez, em 1940, já deu origem a diversas adaptações e recriações artísticas, além de servir como inspiração para obras cultuadas como o longa-metragem O ano passado em Marienbad, do cineasta Alain Resnais, e o seriado televisivo Lost.
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Leia nossa política de privacidade
Opinião do Leitor
Leonardo
Canoas / RS
Excelente HQ. Nunca li o livro no qual ela é baseada, mas fiquei seriamente tentado a procurá-lo, tão instigante me pareceu a história.
A arte é ótima e a edição da L&PM ficou muito boa.
Fico no aguardo de mais HQs europeias a serem publicadas pela L&PM.
07/05/2014