A queda foi rápida, mas a conspiração foi longa: o golpe de 1964 nasceu nos EUA.
Livro que esmiúça a participação do governo dos Estados Unidos no golpe que levou à mais longa ditadura da nossa História e reconstrói sua gestação. Aqui estão as tramas secretas, os conluios e as tramoias com que a esquerda e a direita disputavam o controle do poder político e econômico, à sombra das pressões de Washington sobre o Brasil e a América Latina, em plena Guerra Fria.
Flávio Tavares foi um observador atento a tudo isso. Como jornalista político em Brasília nos anos 1960, acompanhou passo a passo os acertos ou desacertos do governo João Goulart e conviveu com os com os principais personagens civis e militares da época. No dia 1º de abril de 1964, no Palácio do Planalto, testemunhou os derradeiros momentos do presidente Jango já em fuga e, agora, revela segredos guardados durante meio século. Mais ainda: 1964: o golpe reconstrói tudo em minúcias e revela como os Estados Unidos financiaram e apoiaram a conspiração, mobilizando até a frota naval pelo Atlântico, na Operação Brother Sam, em apoio aos golpistas. E como depois exigiram do Brasil uma milionária “indenização” pelo deslocamento da esquadra.
Os documentos do governo dos Estados Unidos, aqui mencionados ou transcritos na íntegra, mostram como as fantasias do embaixador norte-americano exacerbaram os medos dos conservadores brasileiros e construíram o golpe ao longo de dois anos e meio.
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Flávio Tavares é autor, mas também é personagem. É história viva, memória latente, testemunha ocular. Premiado com o Jabuti 2000 por Memória do esquecimento e o Jabuti 2005 com O dia em que Getúlio matou Allende.
Agora, no ano em que o golpe completa meio século - e às vésperas de Flávio comemorar 80 anos - o jornalista lança um livro impressionante. Mais do que um relato minucioso, 1964: o golpe é um retrato dos tormentosos anos em que o Brasil debatia a reforma agrária, buscando o futuro em meio às disputas entre esquerda e direita, acirradas pelas paranoias da Guerra Fria.
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Como foi possível tudo isto? Tantos nortes perdidos, tantas bússolas sem funcionar? Como entender hoje tantos preconceitos, tanta insensibilidade? De onde vinha tanto ódio acumulado e sem sentido? De onde tanta incompreensão ou cegueira, tanta incapacidade de raciocinar?
E, por outro lado, de onde vinha tanta confiança? E, às vezes, tão cega que se transformava em ingeuidade? E por que a ingenuidade passava a bravata e exibicionismo, simulando coragem em alguns casos?
Naqueles intolerantes e ardilosos tempos da Guerra Fria, bastava alguém gritar "olha aí o dedo do comunismo" para que as iras do céu, construídas aqui na Terra, despencassem como castigo, tal qual um devastador terremoto.
(Trecho inicial do Capítulo 2)
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Opinião do Leitor
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