Um ministro pede à Maigret que conduza uma discreta investigação para encontrar um relatório desaparecido. O material pode tornar-se uma bomba em mãos erradas, pois prova que o governo foi responsável por um terrível desastre. No entanto, a imprensa de alguma forma acaba tomando conhecimento do caso e o ministro precisa que Maigret o ajude, pois tudo leva a crer que há algum político inescrupuloso por trás de tudo.
"Como sempre quando voltava para casa à noite, no mesmo lugar da calçada, um pouco depois do poste de luz, Maigret levantou a cabeça em direção às janelas iluminadas do seu apartamento. Já nem se dava mais conta disso. Talvez, se lhe perguntassem à queima-roupa se havia luz ou não, teria hesitado em responder. Do mesmo modo, por uma espécie de mania, entre o segundo e o terceiro andar, ele começava a desabotoar o sobretudo para pegar a chave no bolso da calça, embora invariavelmente a porta se abrisse assim que punha o pé no capacho. Eram ritos que levaram anos para se estabelecer e aos quais ele se apegava mais do que gostaria de confessar."
Jules Maigret é o mais famoso personagem do escritor belga Georges Simenon (1903-1989), um dos autores mais lidos e cultuados do século XX. Reservado, generoso, amante do cachimbo e de uma boa cerveja, o inspetor Maigret conquistou – em 75 romances e várias histórias curtas – legiões de admiradores em todo o mundo. Lançando mão de sua profunda compreensão da natureza humana como principal instrumento na solução de crimes, tornou-se um marco da literatura policial, ao lado dos mais célebres investigadores, como Auguste Dupin, Sherlock Holmes, Hercule Poirot e Philip Marlowe.
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