Em plenos anos 50, a escritora Patricia Highsmith lançou Carol – primeiro romance que aborda uma relação amorosa entre mulheres com um final feliz. O polêmico livro foi publicado na época como The Price of Salt, sob o pseudônimo de Claire Morgan.
Na história, Therese Belivet trabalha como vendedora na seção de bonecas de uma loja de departamentos. O emprego funciona como um bico para juntar dinheiro: o que ela de fato quer é construir uma carreira como cenógrafa de teatro. É época de Natal em Nova York, e a loja está lotada. Em meio a tantos rostos desconhecidos, Therese fica hipnotizada ao ver uma distinta cliente se aproximar. É Carol. “Alta e clara, com um longo corpo elegante dentro do casaco de pele folgado (...), seus olhos eram cinzentos, claros e, no entanto, dominadores, como luz ou fogo”.
Assim começa o romance entre a jovem Therese e Carol – recém-separada e mãe de uma filha –, um amor repentino e fatal, que se transforma em uma constante troca de experiências. Mas, numa tentativa de escapar dos olhares reprovadores dos amigos e familiares, elas saem de carro em uma viagem pelos Estados Unidos. Essa aventura acaba se tornando perigosa quando elas percebem que estão sendo seguidas por um detetive.
Patricia Highsmith publicou seu primeiro livro, Strangers on a Train, em 1950 (um ano depois, a história ganhou uma adaptação cinematográfica pelo mestre do mistério, Alfred Hitchcock). Os editores esperavam então que ela desse continuidade aos enredos de suspense e por isso recusaram The Price of Salt, que acabou sendo lançado por outra editora em 1952.
No pós-escrito para a edição de 1989, Highsmith relata que ela própria trabalhou em uma loja de departamentos, no Natal, para ganhar algum dinheiro, e que certo dia viu uma cliente em um casaco de pele, que se destacava da multidão. Depois da publicação de Carol, Highsmith conta que recebia de dez a quinze cartas por semana (endereçadas a Claire Morgan) comentando a história, agradecendo à escritora ou mesmo pedindo conselhos. Para a autora, a razão do sucesso era a seguinte: “Antes deste livro, os homossexuais, masculinos e femininos, nos romances americanos, eram obrigados a pagar pelo seu desvio cortando os pulsos, se afogando em piscinas, ou mudando para a heterossexualidade (assim se afirmava) ou mergulhando – sozinhos, sofrendo, rejeitados – em uma depressão dos infernos.”
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Opinião do Leitor
Ulises
Belo Horizonte - MG
A obra de um escritor sempre revela sua personalidade. A autora mostra nos seus romances que foi uma pessoa de coragem. Rejeitada sua obra no seu país natal, foi o resto do mundo que lhe reconheceu o talento. A Patrícia é de tirar o chapéu, não somente como escritora, mas, principalmente, como ser humano.
11/03/2013 10:58:38
Agatha
Silvia Felix
Campo Grande - MS
Adoro este livro, que mostra que é possivel um amor verdadeiro entre mulheres. Um amor forte que supera todos os obstáculos externos, mesmo nos anos 50. Recomendo. Um dos meus preferidos da Patricia, juntamente com a saga de Ripley.
16/01/2013 10:30:30