Estaria eu, naquela manhã, mais ou menos feliz do que nos outros dias? Não tenho a menor ideia, e a palavra felicidade não faz mais muito sentido para um homem de 74 anos.
Em todo caso, a data permanece na minha memória: 15 de setembro. Uma terça-feira.
Às 6h25, a sra. Daven, como chamo a governanta, entrou sem fazer ruído, sem mover o ar, e colocou a xícara de café sobre a mesa de cabeceira antes de se dirigir para a janela e puxar as cortinas.
Vi logo que não havia sol, que o ar estava nublado, que talvez chovesse.
Nós nos dissemos bom dia, simplesmente. Falamos pouco. Enquanto eu bebia um primeiro gole, ela guardou as roupas que eu tirara na noite anterior e eu, por minha vez, girei o botão do rádio para ouvir as notícias da manhã.
São rituais. Eles se criaram pouco a pouco, e me seria bem difícil saber por que nós os seguíamos religiosamente.
(trecho do livro)
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Opinião do Leitor
Romário Baslo / São Luís-MA
Simenon atinge o ápice do conceito de maturidade nesta obra. "Ainda restam aveleiras" é um verdadeiro clássico na tradução fiel de Portocarrero. Leitura obrigatória para quem quer se aventurar na emoção deste brilhante autor!
15/06/2009 18:28:34