Se furtar é uma arte, o que não falta no Brasil é talento. Há artistas em todos os lugares, seja na rua ou no governo.
Em A arte de furtar, de autoria anônima, o roubo é o tema central, abordado com bom humor e irreverência. O leitor é apresentado a um grande número de situações e tipos de ladrão, fazendo uma análise do seu comportamento e da maneira com a qual mostram as suas garras. Diversos capítulos descrevem as formas pelas quais os detratores realizam os seus atos, podendo eles furtar com “unhas militares”, “reais” ou “bentas”, dentre outras tantas.
A arte de furtar é apresentado por João Ubaldo Ribeiro, o que só reforça o clima bem-humorado e irônico do livro. Mas o humor dá lugar à seriedade no último capítulo, intitulado “Desengano geral a todas as unhas”. Nele, o autor faz um discurso inflamado sobre essas glórias conquistadas tão injustamente e questiona os seus valores. “Suponho que não falo com animais brutos, mas com homens racionais (...) E, se tendes entendimento, como supomos, sois obrigado a crer que em vícios não pode haver glória nem descanso”.
Revisto e atualizado, Arte de furtar é descrito por João Ubaldo como “o mais brilhante exemplo de prosa barroca panfletária em nossa língua”. O texto pode datar do século XVIII, mas o assunto é extremamente atual. Uma boa leitura para os que acreditam na elevação moral do homem.
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