Os anos 80 estão de volta. A publicação de Os broncos também amam retoma o conjunto de textos, cartuns, sacadas e quadrinhos avulsos de Angeli publicados na Chiclete com banana entre 1985 e 1990. Esta é apenas a primeira parte da antologia inédita em livro: o lançamento do próximo volume, E agora são cinzas, está previsto para março.
Os broncos também amam é uma produção que preserva a intensidade do período pós-ditadura e permite perceber o quanto Angeli transportou para o humor as aflições de sua época e construiu uma das mais ricas e críticas sínteses de uma geração.
O cartunista, hábil em manipular as palavras, fazer trocadilhos e satirizar acontecimentos políticos, culturais e sociais, criou uma série de personagens para ilustrar seu discurso. No livro, estão reunidas colunas como a de Benevides Paixão, uma sátira sobre o ego dos jornalistas baseada na experiência de Angeli na redação da Folha de S.Paulo, e a de Edi Campana, um voyeur e fetichista de plantão à procura do melhor ângulo feminino.
Já nas seções “goela abaixo”, “new look”, “as drogas que pintam”, “biografias inúteis”, “a fauna que aflora”, “o melhor do rock”, Angeli aborda com o humor habitual e visão crítica aguçada as mais diversas situações do cotidiano: o descontentamento com a política, a hipocrisia relacionada ao uso de drogas, os estereótipos do jovem moderno, as mulheres bonitas, o rock, trabalho que, apesar de se remeter a uma época específica, a da Nova República, continua absolutamente atual.
Leia um trecho da introdução de Gonçalo Junior para Os broncos também amam:
Impressões de viagem. Diário de bordo. Crônicas de um novo mundo. Relatos de um náufrago. Qualquer um desses títulos cairia bem para definir essa antologia inédita em livro – os textos, cartuns, sacadas e quadrinhos avulsos saíram apenas na Chiclete com banana entre 1985 e 1990 –, dividida em dois volumes: um, Os broncos também amam; dois, E agora são cinzas. Trata-se de uma produção que preserva toda a intensidade de quem viveu aquele período e permite, com a distância do tempo, perceber o quanto Angeli transportou para o humor as aflições de sua época e construiu uma das mais ricas e críticas sínteses de uma geração. Assim como os cronistas e aventureiros que relataram suas viagens pelo mundo entre os século XVI e XIX, esse artista paulistano registra suas impressões do caos de um período fundamental para a história brasileira nos últimos cinqüenta anos: a década de 1980. No momento em que esses anos voltam numa enxurrada de reprises, o material aqui apresentado pode ser visto como um contraponto.
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Leia nossa política de privacidade
Opinião do Leitor
Seja o primeiro a opinar sobre este livro