Uma noite, um velho e desconjuntado rebocador sai de um cais em Porto Alegre. Sua tripulação: quatro homens, uma mulher e um moribundo. Destino: o porto de Haifa. Objetivo da viagem: permitir que o moribundo veja a cidade de Jerusalém antes de morrer. A história desta bizarra e patética expedição constitui o tema de Os voluntários, romance de Moacyr Scliar.
Na pitoresca e barulhenta rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, movem-se os personagens criados pela imaginação de Scliar: Paulo, o filho do português (descendente de cruzados e ex-soldado colonial) dono do bar; seu amigo Benjamim, filho de Arão e Frima, donos de uma lojinha, e irmão de Nunho, o gângster judeu; Elvira, a prostituta irmã de um padre; o Capitão, dono do rebocador, navegador de escasso curso mas grande contador de histórias; Orígenes, fundador de uma seita sem muito sucesso; Pia-Pouco, o camelô; Cachorrão, o gigolô de Elvira; Samir, o palestino que abre uma loja ao lado da de Benjamim – logo Benjamim, cujo sonho sempre fora viver em Jerusalém: é o conflito do Oriente Médio reproduzido em miniatura na rua Voluntários da Pátria.
Um romance que reúne os quixotes, os gauches da vida, personagens que buscam o inatingível, tipos prediletos de Moacyr Scliar de O exército de um homem só, Os deuses de Raquel, O centauro no jardim, A mulher que escreveu a Bíblia e outros. Aqui está de novo a sua incrível armada, metida numa desastrada cruzada que somente o humor de Scliar – um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos – poderia criar.
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