Em meados da segunda metade do século XIX, no Rio de Janeiro, o cronista oficial da corte tem suas mornas e monótonas tardes de viúvo abaladas por uma tarefa profissional. Uma carta chegara ao Paço Imperial, endereçada à Sua Majestade o Sr. Dom Pedro II. Na missiva, um estancieiro gaúcho chamado Francisco da Silva cobrava a promessa feita vinte e um anos antes por Dom Pedro II de fazê-lo barão, em agradecimento à sua hospitalidade quando da visita imperial às terras do Sul. Como os registros oficiais nada apontam, o historiador do governo parte em uma missão no interior do estado mais meridional do Brasil: quem seria Francisco da Silva? Tudo deveria ser checado, afinal, estava em jogo a palavra do Imperador.
O cronista sai da sede tropical do Império, o esfuziante Rio de Janeiro, e interna-se nas fronteiras vazias dos pampas, atrás do estancieiro em questão. Acaba por encontrar vários Franciscos da Silva, todos com histórias mais ou menos coerentes sobre a visita imperial às suas terras. Com qual Francisco da Silva estaria a verdade? Este é o grande desafio que envolve a trama magnificamente bem narrada por Luiz Antonio de Assis Brasil. No seu périplo pela Província do Rio Grande do Sul, o cronista depara-se com os ambientes pesados e retrógrados da velha aristocracia rural gaúcha, mulheres assombradas por recordações e silêncios, aventureiros em busca de ouro, homens rudes do campo, forasteiros e demais personagens que dão vida a esta obra, escrita por um dos grandes escritores brasileiros contemporâneos.
Em um estilo irretocável e instigante, Assis Brasil debruça-se sobre um dos mais importantes períodos da história nacional e faz um panorama surpreendente do então jovem país.
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