04/04/2011
- Por L&PM Editores
Em 2 de abril, comemorou-se o Dia Internacional do Livro Infantil. Nesse dia, o Jornal Zero Hora publicou uma matéria com o título de “Leitura escassa – Livro, artigo de luxo”, onde mostra nossa triste realidade: o Brasil é líder no ranking de países em que os estudantes menos lêem. Vale a pena ler para refletir a respeito:
LEITURA ESCASSA
Livro, artigo de luxo
Hoje, no Dia Internacional do Livro Infantil, ZH revela que o Brasil lidera ranking de países em que os estudantes têm menos obras em casa.
Folhear as páginas de um livro pinçado ao acaso nas prateleiras de casa é algo bem menos corriqueiro no Brasil do que muitos de nós imaginam. Pelo menos é o que indica um levantamento do Movimento Todos Pela Educação, segundo o qual quase 40% dos estudantes do país vivem em lares onde as obras literárias são artigos raros: em média, não passam de 10 exemplares.
Divulgada em março, a pesquisa teve como base os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2010, que envolveu 65 países ao redor do mundo.
O cenário brasileiro é considerado um dos piores. Se 39,5% das crianças e adolescentes disseram ter, no máximo, uma dezena de títulos em sua residência, outros 30,4% admitiram que o número não supera os 25. Somente 8,1% dividem espaço com mais de cem obras dentro da própria moradia.
Para efeito de comparação, em países como a Islândia, mais da metade da população estudantil conta com verdadeiras bibliotecas particulares, turbinadas por mais de uma centena de edições. Luxemburgo, um pequeno país encravado na Europa ocidental, entre a Bélgica, a França e a Alemanha, é o campeão “mais de 500 obras”: nada menos do que 15,7% de seus estudantes desfrutam dessa condição.
É evidente que a simples posse de livros não garante um desempenho melhor, especialmente naqueles casos – tão comuns – em que acabam cumprindo o papel de meros enfeites. Ainda assim, a pesquisa mostrou que os jovens que convivem com esses objetos tiveram resultados superiores nas provas do programa.
Educadores são unânimes ao afirmar que, crescer em uma família marcada pelas letras, é determinante para o desenvolvimento intelectual.
– Mesmo que a criança não saiba ler e que os livros estejam na estante apenas para bonito, só o fato dela ter contato já é importante para que comece a se familiarizar e, no futuro, desenvolver o hábito da leitura – ressalta a professora Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Problema cultural
A falta de livros nos lares brasileiros, para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, tem explicação econômica e cultural. Econômica, porque se trata, em geral, de produtos caros – ainda mais em um país marcado pela pobreza. Cultural, porque a decisão de pagar por literatura nem sempre tem a ver com dinheiro. Tanto que muitos adolescentes preferem comprar roupa e muitos pais, gastar em futilidades.
Mas nem todos pensam assim. Exemplo disso é a pediatra gaúcha Cláudia Guimarães Llantada, 43 anos, cujo apartamento, em Porto Alegre, tem uma parede inteira ocupada por obras de todos os tipos – incluindo quase uma centena de títulos infantis. Coloridos e atrativos, eles são o xodó do filho único, Pedro, 10 anos.
– Invisto nisso desde que ele ainda estava na minha barriga. Acho que faz diferença. Pretendo continuar com esse hábito até quando puder – diz Cláudia.
Estudante da 5ª série do Colégio João XXIII, o menino gosta de ler e de ouvir histórias. E, a cada dois meses, costuma ganhar um novo livro para sua coleção. Talvez nem desconfie, mas tem muita sorte. (Juliana Bublitz)
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Leia nossa política de privacidade