Miguel de Unamuno
Miguel de Unamuno nasceu em Bilbao, a 29 de setembro de 1864. Era o terceiro filho (primeiro menino) do comerciante Félix de Unamuno e de sua sobrinha Salomé Jugo, que tiveram mais três crianças. Aos dez anos, ao concluir os estudos iniciais no colégio de San Nicolas, é testemunha do que acontece com sua cidade durante a Terceira Guerra Carlista (fato que será abordado em sua primeira novela, Paz en la guerra). Estudou Filosofia e Letras na Universidad de Madrid e em 1884 concluiu o doutorado com uma tese sobre a língua basca: Crítica del problema sobre el origen y prehistoria de la raza vasca, na qual antecipa sua opinião contrária ao nacionalismo basco.
Em 1885, Unamuno começa a trabalhar em um colégio como professor de latim e psicologia e passa a publicar diversos artigos, como Del elemento alienígena en el idioma vasco, Guernica e Noticiero de Bilbao. Em 1888, candidata-se para a cátedra de psicologia, lógica e ética do Instituto de Bilbabo, mas não é selecionado. Nessa mesma época inicia uma polêmica com Sabino Arama – recém iniciando na militância nacionalista –, e que considerava Unamuno um “espanholista” devido ao fato de que ele já tinha escrito algumas obras em euscaro e considerava que esse idioma iria desaparecer logo.
Em 1891, Unamuno se casa con Concha Lizárraga, por quem era apaixonado desde criança. Nessa mesma época passa a lecionar a cátedra de Grego na Universidad de Salamanca, da qual seria reitor em 1901. Em 1894, ingressa na Agrupación Socialista de Bilbao e passa a colaborar com o semanário Lucha de clases. Unamuno abandonaria o partido socialista três anos depois, ingressando numa profunda depressão.
Em 1914, o ministro de Instrução Pública destitui Unamuno da reitoria por razões políticas, transformando-o em mártir da oposição liberal. É então condenado a 16 anos de prisão por injúrias ao rei, mas a sentença acaba não sendo cumprida. Em 1921, é nomeado vice-reitor, mas seus constantes ataques ao rei e ao ditador Primo de Rivera fazem com que seja novamente destituído do cargo. A partir de 1924, se exila na França, retornando à Espanha apenas em 1930, após a queda do regime de Rivera.
No final do século XIX, a sua reflexão centrou-se na situação política da Espanha depois do desastre de 1898. A estas preocupações respondem ensaios como En torno al casticismo ou Vida de Don Quijote y Sancho. Depois de sofrer uma crise existencial, o seu positivismo racionalista converte-se numa busca ansiosa para encontrar um sentido para a existência humana; desta necessidade, infere a existência divina. Tal preocupação está presente em dois de seus melhores ensaios: Do sentimento trágico da Vida e A agonia do cristianismo, embora a mesma problemática reapareça sistematicamente em toda a sua produção.
Na sua produção artística, destacam-se os romances Paz en la guerra (1897), sobre as guerras carlistas; Niebla (1914), no qual abundam os elementos autobiográficos; Abel Sánchez (1917); La tía Tula (1921); e San Manuel Bueno, Mártir (1931). Merecem igualmente ser mencionados os seus livros de poemas Rosario de sonetos líricos (1911) e El Cristo de Velázquez (1920). Cultiva também a literatura de viagens, Por terras de Portugal e Espanha (1911), e o teatro, Fedra. Desenganado com a República, em 1936 apoiou a sublevação militar, ainda que dela rapidamente se tenha distanciado. Unamuno passou os últimos dias de vida em prisão domiciliar. Morreu subitamente na sua casa, em Salamanca, no dia 31 de dezembro de 1936.
Obra literária
1895 – En torno al casticismo (ensaios)
1897 – Paz en la guerra (novela sobre a guerra carlista)
1898 – La esfinge (drama)
1899 – La venda (drama)
1902 – Amor y pedagogia (novela de idéias)
1903 – De mi país (ensaios)
1905 – Vida de Don Quijote y Sancho
1907 – Poesias
1910 – La España que vuelve; Fedra (dramas)
1911 – Rosario de sonetos líricos; Por tierras de Portugal y España (ensaios)
1913 – Del sentimiento trágico de la vida en los hombres y en los pueblos (ensaios)
1914 – Niebla
1917 – Abel Sánchez: una historia de pasión
1920 – El Cristo de Velázquez (poesia); Tres novelas ejemplares y un prólogo
1921 – La tía Tula
1922 – Andanzas y visiones españolas
1923 – Rimas de dentro; Teresa (poesia)
1924 – La agonía del cristianismo (ensaios)
1925 – De Fuerteventura a Paris. Diário íntimo de confinamiento y destierro vertido en sonetos
1926 – Sombras de sueño; El otro (dramas)
1927 – Cómo se hace una novela
1928 – Romancero del destierro
1929 – El hermano Juan o El mundo es teatro (teatro)
1933 – San Manuel Bueno, mártir y tres novelas más
1953 – Cancionero. Diário poético (publicado postumamente)
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