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Ópera no Ensino Médio: da sala de aula para a barbearia

06/01/2014

- Por Fernanda Scherer

Como trabalhar o gênero Ópera com alunos do Ensino Médio a partir da leitura de Resumo da ópera?

 

O consultor Tiago Madalozzo, mestre em Comunicação e Linguagens e professor de Musicalização, elaborou uma sugestão de roteiro de aula, buscando apresentar elementos da ópera para que os alunos compreendam do que se trata e para que tenham contato com esse gênero artístico complexo e presente na cultura mundial.

O roteiro foi publicado originalmente na Revista BRAVO! (outubro de 2011) e você pode conferir a seguir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ópera é um gênero musical que se caracteriza pela intensidade dramática. Tudo ali se faz por meio da exacerbação – exacerbação vocal, antes de tudo. A música, no entanto, não é a única coisa que importa em uma boa ópera. Além de expressão musical, ela também é uma forma de expressão literária, uma vez que conta a história, criada e desenvolvida no chamado “libreto”, que nada mais é do que o seu roteiro.

 

No livro “Resumo da ópera”, A.S. Franchini busca justamente divulgar as histórias que os personagens representam em cima do palco, já que todas elas surgiram de obras literárias famosas, ou mesmo de histórias originais que inspiraram posteriormente os compositores das partituras a criarem suas melodias. Ficou curioso em saber mais sobre o livro? Clique aqui e leia um trecho.

 

 


 

 

 

ROTEIRO DE AULA

 

Objetivos

  • Apresentar elementos da ópera para que os alunos compreendam do que se trata e para que tenham contato com esse gênero artístico complexo e presente na cultura mundial.

Conteúdos

  • Definição e breve história da ópera.
  • Temas, vozes e abertura da ópera.
  • Leitmotiv (ou ‘motivo condutor’ da ópera).


Tempo estimado

  • Cinco aulas


Materiais necessários

  • Cópias da reportagem “Beethoven, Mozart e... Nico Muhly” (BRAVO!, Ed. 170, outubro de 2011) para todos os alunos
  • Computador com acesso à internet para mostrar à turma os vídeos indicados nesta sequência didática.

 

 

Introdução

  • A ópera é um dos gêneros artísticos mais complexos, que reúne diferentes formas de expressão em superproduções que acompanham a história da humanidade desde o final do século 16. Assim como acontece com a música erudita, certas vezes, a ópera recebe o estigma de “arte complexa, velha e nada popular”. Por isso, o gênero nem sempre atrai o olhar dos jovens estudantes.
  • BRAVO! de outubro (Edição 170) traz a reportagem “Beethoven, Mozart e... Nico Muhly”. O texto do jornalista Arthur Dapieve fala sobre a ópera “Two Boys”, composta pelo jovem norte-americano Nico Muhly e estreada em 2011. Mas o que faz um compositor de 28 anos, em pleno século 21, lançar mão desse gênero artístico? O que o gênero tem de tão interessante para levar milhares de pessoas aos teatros?
  • Neste plano de aula, sugerimos uma sequência didática para que os alunos do Ensino Médio tenham um breve contato com a ópera, procurando entender o que ela é e como funciona.


 

 

Desenvolvimento

 

1ª AULA

Para começar a falar de ópera
 

Para começar, crie uma “nuvem de conceitos” na sala de aula. Pergunte aos alunos se eles conhecem o termo ópera e que palavras ou ideias associam a ele. Escreva as principais ideias no quadro. Ao final, você poderá encontrar termos como: drama; música; teatro; orquestra; história; narrativa; atores; cantores; solistas. Aproveite para apresentar algumas expressões aos alunos, como ária; recitativo; soprano e contralto; tenor e baixo; 1º e 2º ato; fosso da orquestra, além de qualquer outra palavra que possa ser associada ao gênero quando buscamos referências sobre a ópera em livros ou na internet.

Depois de listar os termos na lousa, defina-os com os alunos para que todos comecem a desenvolver um vocabulário adequado ao trabalho. A sua tarefa mais importante, professor, é fazer com que os alunos consigam compreender os conceitos e encadear as ideias para estabelecer uma definição comum para o termo ópera.

Ao tomarmos a origem do termo “música” para os gregos – a expressão musikae –, sabemos que ela reunia três diferentes formas de expressão: a expressão musical como entendemos hoje, a expressão verbal e a expressão corporal. Além de servir como base de diversas pedagogias ativas de educação musical, esta expressão pode nos ajudar a definir o que é a ópera: um gênero artístico com origens no teatro, em que uma história é narrada, cantada e dançada por meio de texto e na voz de atores, intensificada pela música no palco e acompanhada por uma orquestra ou pequeno grupo instrumental.

Esclareça à turma que uma ópera costuma ser organizada em partes, denominadas “atos” (como no teatro), e a história é narrada por meio de fluxos de pensamento e diálogos acompanhados pela música. A ópera também é caracterizada por uma sucessão de árias – canções acompanhadas pela orquestra –, recitativos – trechos de texto recitados sem acompanhamento, que se aproximam da fala – e trechos instrumentais da orquestra (por exemplo: a abertura da ópera ou as músicas que iniciam cada um dos atos).

 

Atividade:

  • Construção de uma história musicada

Agora que os alunos já sabem que a ópera é uma história narrada com apoio da música, informe a turma que a primeira atividade prática desta sequência de aulas sobre o assunto será a construção de uma história musicada. Peça aos estudantes que se reúnam em equipes e selecionem duas músicas de que gostem muito, de qualquer estilo. Em seguida, solicite aos integrantes dos grupos que pensem em uma pequena história cotidiana (como a história de uma garota dividida entre dois amores no colégio, por exemplo) e a descrevam brevemente, em algumas linhas. Depois, peça que os grupos escolham dois ou três trechos da história em que um dos personagens (talvez o principal) se dirija ao público de forma dramática e conte seus problemas pessoais. Por fim, ajude-os a selecionar dois trechos da história que cada um dos grupos possa contar.

A história terá, portanto, uma introdução feita por todos os integrantes do grupo, por meio da qual deverá ser revelado o pano de fundo da trama. Logo após a introdução, haverá um trecho de texto em que o personagem principal falará sobre suas questões pessoais. A próxima parte será um trecho de caráter pessoal de outro personagem ligado à história (um dos pretendentes da garota apaixonada, por exemplo). Por fim, haverá uma segunda participação do grupo todo, que vai revelar o desfecho da história. Deixe claro para os alunos que esta pequena estrutura poderá ser alterada e ampliada de acordo com o interesse e a trama elaborada pelas equipes.

A partir de então, os alunos deverão finalizar a escrita de pequenos textos para os trechos dramáticos dos personagens principais. E o mais importante: precisarão criar textos maiores para a parte coletiva, interpretada por todo o grupo. Depois de prontos, estes textos da parte coletiva serão transformados em paródia, ou seja, os alunos deverão se basear nas músicas selecionadas no início da atividade para criar uma variação de letra que contenha a nova história. Caso os alunos não saibam o que é uma paródia, conte a eles que parodiar uma música significa apropriar-se de uma melodia que já existe e colocar nela uma nova letra.

 

A estrutura final da obra composta por cada um dos grupos deverá contemplar:

  1. A introdução do grupo, feita com base na paródia de uma música e com um texto que conte os bastidores da história
  2. A parte de um personagem solista, que recita um texto dramático ao público e fala sobre seus problemas pessoais.
  3. A parte de um segundo solista, responsável por recitar suas questões pessoais.
  4. O fechamento com uma nova paródia do grupo, que desenvolve e finaliza o conflito da história.
  • Definida a estrutura da ópera, informe aos alunos que a atividade de criação continuará no encontro seguinte.

 

2ª e 3ª AULAS

Festival de óperas da turma

 

Reserve uma ou duas aulas para que os alunos tenham tempo de finalizar a atividade proposta na aula anterior e avise-os que além de produzir as partes da ópera, eles deverão criar dois materiais de apoio que serão fundamentais para o processo de produção: um pequeno libreto – ou seja, o registro escrito da história da ópera, que será resumida em um parágrafo a ser lido para os colegas antes da apresentação dos grupos; e um pequeno projeto de figurino e maquiagem – de acordo com a temática da história, para fazer os atores “entrarem no clima” da narrativa.

Divida as aulas em três partes: na primeira delas, os alunos devem se dedicar à produção escrita dos materiais. Na segunda, vão prosseguir com os ensaios dos grupos. Na terceira parte, cada grupo deverá apresentar aos colegas o resultado do trabalho, começando pela leitura da sinopse do libreto e continuando com a parte declamada e os trechos musicais. Será uma espécie de um minifestival operístico da turma.

Após finalizar a atividade, relembre a definição de ópera da primeira aula, e mostre aos alunos que, neste processo, eles atuaram como libretistas e atores de uma forma de arte dramática que continuarão a estudar na aula seguinte.

 

4ª AULA

Ópera: um gênero atual


Distribua as cópias da reportagem de BRAVO! para os alunos proponha uma leitura coletiva. Chame a atenção deles para as informações mais importantes do texto: a composição de uma ópera em pleno século 21; um compositor jovem, de apenas 28 anos, que resolve se apropriar deste gênero; as semelhanças entre a ópera “Two Boys” e várias outras no que diz respeito à trama: Muhly atualiza a história de base de outras óperas para o século atual, incluindo as redes sociais no conflito de sua obra. Comente o fato de o compositor se apropriar dessas mesmas redes para a divulgação da ópera – se você tiver um computador com acesso à internet vale mostrar aos alunos vídeos com o trailer da ópera, em http://abr.io/bravo-opera-1, e de divulgação do projeto, disponível em http://abr.io/bravo-opera-2.

Explique à turma que, ao longo da história da música, diversos temas foram trabalhados pelos autores para desenvolverem os argumentos das óperas. Diga que, assim como nas novelas da televisão brasileira, os temas quase sempre envolvem personagens em conflitos amorosos ou ideológicos. E quase sempre o resultado é ou cômico ou trágico: daí a ópera ser considerada uma forma de arte dramática.

Em “Two Boys”, um personagem assume uma identidade falsa para se aproximar de outro personagem. Será que já não lemos, ouvimos ou assistimos histórias parecidas em livros, óperas ou novelas?

Conte que no livro cômico “Manual do blefador: tudo o que você precisa saber sobre ópera para não passar vergonha” (1994), o autor Peter Gammond faz um resumo bastante interessante sobre as tramas das óperas. Leia o trecho para os estudantes:


“Uma porcentagem bastante grande dos enredos de ópera sustenta-se em alguém não conhecer outra pessoa, mesmo alguém tão íntimo quanto uma esposa ou um marido, porque ele ou ela se encontra disfarçado com uma tênue máscara, incapaz de enganar qualquer pessoa fora do palco por um minuto sequer. Outras se sustentam no personagem principal levado à cegueira por ciúme. Os personagens de ópera são insuperavelmente ciumentos, sendo capazes de reconhecer complexos códigos de traição no cair de um chapéu. A história de Otelo, Mouro de Veneza proveio à ópera com um dos enredos mais típicos, com o herói acreditando no pior sobre todos que o cercam, incluindo sua esposa, cujas foscas árias imediatamente convencem a todos – menos ele – de sua total incapacidade para a impostura.”

 

Pergunte aos alunos se as histórias criadas nas “minióperas” remetem a estas tramas citadas por Gammond. Conte a eles que toda ópera parte de um libreto, uma espécie de “roteiro”, que é transformado em música pelo compositor. Ao fazer esta passagem do domínio do verbal para o musical, os compositores escrevem partes para o solista e para a orquestra que o acompanha.

Comente que o maestro, no momento da récita (a apresentação da ópera) ganha posição de destaque, pois deve comandar tudo o que acontece no palco – e embaixo dele - ou seja, dirige os atores, para que cantem e recitem no tempo certo, e também a orquestra. Mas como é que todo esse pessoal cabe no palco?

Conte à turma que a orquestra não divide o palco com os atores: neste espaço acontece somente a atuação, como se o palco fosse uma tela de televisão voltada para o público. Os instrumentos ficam num nível abaixo do palco, o chamado “fosso” da orquestra. Por isso os grandes teatros têm um espaço em que o chão do palco desce para acomodar os instrumentistas.

Explique que a parte instrumental da ópera costuma ser escrita com base em um recurso musical que será estudado mais adiante, o leitmotiv (ou motivo condutor). Já a parte dos cantores segue uma espécie de regra. Se você fosse escolher uma cantora para representar o papel de uma Feiticeira Má de um conto de fadas, escolheria uma de voz aguda e doce ou grave e penetrante? E se fosse o Príncipe Encantado: seria um cantor com voz aguda e melodiosa ou baixa e sisuda? Os compositores pensaram muito sobre isso, e chegaram à conclusão de que deveriam seguir um padrão.

Chame a atenção dos alunos para o fato de que todas as pessoas podem alcançar um determinado número de notas musicais, começando em sons graves e terminando nos mais agudos. Isso é chamado de extensão vocal, e, dependendo da qualidade dos sons e no conforto que o cantor tem em emiti-los, sua voz pode ser classificada dentro de uma tessitura, ou seja, uma região que permite saber se, ao cantar em um coral, ela estaria no grupo das contraltos (mulheres com vozes mais graves) ou das sopranos (mulheres com vozes mais agudas); dos baixos (homens com vozes mais graves) ou dos tenores (homens com vozes mais agudas), ou regiões de meio-termo como as mezzo sopranos (mulheres) ou os barítonos (homens).

Conte que, na ópera, as sopranos, por exemplo, ainda podem ser dividas entre soprano leggero (leve, doce, para personagens jovens), soprano lírico (sonoro, floreado, expressivo, para personagens heroicas) e soprano dramático (mais pesado, possante, para personagens em momentos de impacto dramático). É claro que tudo isso pode variar de acordo com a intenção dos compositores. Mas a melhor forma de verificar é conhecer exemplos. Por isso, no final deste plano, consulte a seção de “desdobramentos”, e se possível siga a sugestão.

Para finalizar, conte aos alunos que na próxima aula serão apresentadas as partes que compõem a ópera.


 

 

5ª AULA

As partes da ópera


Comece a aula explicando aos alunos que uma das partes musicais de uma ópera é justamente a Abertura – o prelúdio da história. Por isso, na sala de ópera o maestro entra sob aplausos da plateia e logo começa a conduzir a orquestra. A abertura, em geral, reúne duas características importantes: resume o caráter da história, seja dramático, cômico, romântico ou fúnebre; e reúne trechos de músicas que aparecerão ao longo da obra. Ou seja, a abertura é duplamente um “resumo da ópera”. E é isso que os alunos analisarão em seguida.

Proponha aos jovens a escuta de um trecho da Abertura da ópera Il Barbieri de Siviglia (O Barbeiro de Sevilha), do compositor italiano Gioacchino Rossini, que estreou em 1816 e é uma das mais conhecidas obras do gênero. É importante que todos procurem manter-se no maior silêncio possível neste momento. Você pode sugerir os alunos aproveitem para escrever no caderno algumas palavras que resumam o sentimento que a música desperta. Caso considere muito cansativo, divida a audição em duas partes: uma do início até cerca de 2 minutos, em que um tema inicial é apresentado, e outra dos 2 aos 7 minutos com novos temas em alternância. A abertura de O Barbeiro está disponível em http://abr.io/barbeiro-sevilha (mas procure dar ênfase ao som, sem mostrar as imagens para os alunos).

 

Diga aos jovens, antes da escuta, para prestarem atenção em algumas características da música:

  1. Trata-se de uma história romântica? Dramática? Heroica? Mitológica?
  2. Há mais do que um tipo de conflito durante a história – ou seja, com base na música é possível imaginar que haverá uma luta, uma briga, uma guerra, ou um encontro amoroso, ao longo da ópera?
  3. O final da história parece ser feliz ou trágico?

 

Após a audição, discuta com os alunos os resultados da análise da música: é possível antever o que acontecerá na história? Qual o tema e os principais conflitos que eles podem imaginar que fazem parte da obra?

Depois de ouvir as sugestões dos alunos, pergunte a eles as razões pelas quais a ópera é por vezes entendida como a “novela” da música. Conte a eles que isso de deve ao uso de um recurso (o leitmotiv), por parte dos compositores, para fazer com que a parte musical ganhe um sentido especial no desenvolvimento da trama. O compositor que levou este recurso ao uso dramático na ópera foi o alemão Richard Wagner, que viveu no século 19 e escreveu grandes óperas – verdadeiras superproduções que integravam a música com as outras artes.

Conte à turma que o nome do recurso musical é leitmotiv ou “motivo condutor”. Para cada personagem, Wagner criou uma pequena frase musical que o descrevia – como se fosse um slogan musical. E então, ao longo da ópera, a cada vez que o personagem aparecia, seu tema era tocado pela orquestra em meio à musica de fundo. Desta forma, além de ver o personagem no palco, o público ouvia sua trilha sonora, criando um efeito de integração entre música e texto.

Há outros casos bastante especiais do uso do motivo condutor na ópera: quando um dos personagens principais está em uma cena, sozinho, e sua amada corre perigo, os compositores aproveitam para reforçar que o personagem tem uma “intuição” do perigo iminente. No meio de uma cena como essa, é comum a orquestra delicadamente tocar o leitmotiv da amada. Portanto, o personagem não precisa dizer ao público que está pensando em sua amada, pois a música se encarrega disso. Este recurso foi muito adotado por outros compositores, e acabou se tornando uma característica do gênero a partir da obra de Wagner.

Se houver disponibilidade, trabalhe com seus alunos a audição da obra Pedro e o Lobo, do russo Sergei Prokofiev, de 1936. Trate-se de uma história musical narrada com aproximadamente 25 minutos, em que, além de cada personagem ter um leitmotiv, cada um deles é tocado por um instrumento ou grupo de instrumentos específico. Assim, Pedro é representado pelo quarteto de cordas em um leitmotiv vivo, alegre, animado; já o Lobo é representado por um tema sombrio e assustador tocado pelas trompas. Os temas ficam bem marcados e, apesar de haver uma narração, é praticamente impossível entender a história somente com base no entrelaçamento dos diferentes leitmotivs. Assista ao vídeo disponível em http://abr.io/pedro-lobo para entender como funciona e explicar aos seus alunos. A obra de Prokofiev pode ser o ponto de partida para apresentação de instrumentos de diferentes famílias da orquestra – conteúdo que pode ser trabalhado em aulas futuras.

Não se esqueça de comentar com os alunos sobre outro tipo de produção que lança mão do recurso do leitmotiv: a novela. O gênero televisivo brasileiro se apropria dos temas condutores e, a cada nova edição, os personagens, casais de personagens, núcleos ou ainda cenas dramáticas são associados a músicas específicas. Por isso é tão comum se falar em “tema da personagem” nas novelas. A busca por motivos condutores leva as produtoras, inclusive, a lançar CDs com as músicas-tema de suas novelas. Se julgar necessário, faça uma pesquisa dos temas das novelas atuais e apresente algumas músicas no final da aula para ver se os alunos conseguem identificar os personagens com base nas trilhas sonoras.

Antes de concluir, proponha uma brincadeira musical. Mostre aos alunos o seguinte vídeo: http://abr.io/barbeiro-pernalonga. Trata-se de uma paródia, como as que foram feitas nas aulas 1 a 3 desta sequência. Neste caso, a Warner Bros. Pictures cria uma versão cômica da Abertura de O Barbeiro de Sevilha com os famosos personagens Pernalonga e Hortelino Troca-Letras.

 

Ao final, analise com os alunos três questões abordadas durante as aulas:

  1. As diferentes temáticas da ópera que os personagens resumem na animação: o romance, a traição, os conflitos, a guerra, a partir do cotidiano (no caso, a barbearia).
  2. Os trechos musicais que podem ser entendidos com leitmotivs, ou seja, as frases musicais que se repetem na abertura e que caracterizam cada um dos personagens.
  3. A articulação de diferentes artes na encenação: música (orquestra e declamação); teatro (recitação de textos, diálogos); dança (coreografias e movimentos no palco); e artes visuais (cenário).

 

Se você desejar desdobrar ainda mais o assunto, aí vão algumas sugestões:

  • Depois desta introdução ao tema, talvez seus alunos já estejam preparados para assistir a um trecho de ópera. Procure na internet ou em DVDs o registro de árias e recitativos famosos de Il Barbieri e de outras óperas para que os alunos conheçam exemplos de encenações operísticas. Ainda, se for o caso, aproveite e apresente um Ato inteiro de uma ópera, ou uma ópera curta, como Gianni Schicchi, do compositor italiano Giacomo Puccini (de 1918). A audição pode servir como mote para indicar todos os elementos musicais que mencionamos ao longo das aulas, incluindo as vozes dos cantores: os malvados não têm a voz mais grave que os “mocinhos”?
  • Procure conhecer o projeto “As Sete Caras da Verdade”, do compositor gaúcho Nico Nicolaiewsky, em http://vimeo.com/38105746. O autor criou uma ópera em quadrinhos: o produto acompanha um CD com a gravação da ópera (cantores acompanhados de uma pequena orquestra), um livreto com as cenas da ópera em quadrinhos, e finalmente um CD com a parte musical para servir de karaokê: o leitor pode abrir o livreto, acompanhar a história e cantar as partes dos personagens. O interessante é que a obra é de fato uma ópera: a história é cantada; a trama segue os padrões do gênero e há árias e recitativos com temas. Trata-se de um projeto que provavelmente terá boa aceitação dos alunos dada a contemporaneidade da história.
  • Procure adquirir os livros da Coleção Ópera em Quadrinhos, recém lançada pela Editora Scipione. Acesse http://sites.aticascipione.com.br/operaemquadrinhos para conhecer os primeiros volumes. A leitura poderá ser um ponto de partida para a apreciação de trechos de encenações reais.

 

Avaliação
 

A proposta desta sequência didática é promover discussões com os alunos sobre a ópera. Por isso, o comprometimento dos estudantes e a participação, na medida em que é necessário concentrar-se nas atividades para que as discussões aconteçam naturalmente, é fundamental. Durante as aulas, observe se os alunos entenderam o que é uma ópera, se são capazes de identificar suas partes principais e se reconhecem a função de cada uma delas dentro da obra. As paródias dos alunos e suas observações das atividades de audição também devem ser levadas em conta.

 

 

 



Consultoria Tiago Madalozzo
Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná, professor assistente do curso de Música – Educação Musical da Universidade Federal do Paraná e professor de musicalização na Alecrim Dourado Formação Musical, em Curitiba.

Fonte: 
http://bravonline.abril.com.br/materia/opera-no-ensino-medio-da-sala-de-aula-para-a-barbearia