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Por que adotar "O carnaval dos animais"?

04/03/2022

- Por Helena Jungblut

Em "O carnaval dos animais", obra publicada pela primeira vez em 1968 e com a qual Moacyr Scliar ganha o Prêmio Academia Mineira de Letras, leões, ursos, coelhos, vacas e cachorros são os grandes protagonistas deste conjunto de histórias. Um dos primeiros livros do imortal Scliar, este livro reúne contos que, por meio do fantástico e do insólito, revelam a maior parte das temáticas que acompanhariam o autor ao longo de sua carreira: a condição de imigrante, as raízes judaicas, a vida em família, a condição humana, tudo regado com muito humor.

 

Podemos dizer que esta é uma obra que seduz pela linguagem. É fácil se perder nos usos dos adjetivos que descrevem as personagens, na sintaxe impecável que apresenta a ação e no modo como os narradores conduzem a história. Tão fácil é ficar assim seduzido que quando, enquanto leitores, realizamos do que, de fato, se trata a obra ficamos perplexos: a percepção do monstruoso, do grotesco e do absurdo nos toma por completo.

 

No artigo "Sobre Monstros e Seres Imaginários na Obra de Moacyr Scliar: Nossa Frágil Condição Humana" (2018), a autora Lyslei Nascimento fala dessa obra: "híbridos, lendários ou estranhos, alguns personagens parecem, num nível simbólico ou metafórico, deixar vislumbrar alertas, sempre necessários, de que precisamos preservar o que ainda resta de humano em nós. O estranho e o dissonante, em Scliar, advertem-nos, assim, para que não nos vejamos, a nós e ao próximo, como uma massa amorfa, robotizada, acrítica e, muitas vezes, transformada em pedra e sal." (p. 3)

 

Quando pensamos nesta obra sendo lida na escola, por estudantes, a compreendemos como meio importante para despir a literatura de um senso utilitarista, contemplando o aluno como leitor e curador das obras que estão ao seu dispor, cumprindo o indicado como Competência Específica 6 da Área de Linguagens da BNCC: "Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade. (p. 496)

 

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